quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Calossemia

Vida passa e voa, escapando
Cada grão de areia perdido
Em uma praia deserta
O mar um lençol tão grande

E a vida flutua tão alheia
Nas ondas da solidão
O azul e o verde, cinza
A areia fria

O céu tão grande
O peso da imensidão na vida
O pó soprado tão longe
O grito de agonia

Faces de areia, argila
Levadas pelas ondas
A vida que passa e voa
E nunca se retoma

Tudo se choca em um redemoinho
Cresce um ciclone de caos
E toda a ansiedade queima o peito:
Uma criança se vê tão velha

Tateia o escuro do mar solitário
A textura da areia e das ondas
A vida passa e passa sempre
E sua face se desgasta como pó

E um grito de agonia é ouvido
Fique e não me largue nunca
Se agarre em mim, seja em mim
Minha vida já não é nem está
Mar, areia, pó, argila e vento

Ondas de vazio tão cinzas
A deriva tão chocante

Flutuamos como vento