domingo, 24 de julho de 2016

Stabat Mater


"Stabat mater dolorósa
juxta Crucem lacrimósa,
dum pendébat Fílius."
- Stabat Mater.

Tu homem, senhor da Terra e do Pó,
Tu homem, cuja mão inclemente,
Os sopros da vida, sufoca e saqueia.
Tu homem, de olhar morto e ávido.

Tu homem, veja as ruínas que abraçou.
Tu homem, tocaste a face da manhã
E dela fizeste um horror de piche,
Tu homem, de vazia e negra alma.

Pelos séculos violaste a inocência,
Pela eternidade, te afogaste em orgias,
Embriagado pelo sangue fraterno,
Depravado por mórbida cobiça.

Tu homem, vi-te clamar sabedoria
Enquanto esmagavas os teus pais,
Indiferente às suplicas dos filhos,
Vi-te vestir a púrpura do suplício.

Tu homem, repugnante hipócrita,
Conclamas teu deus e tua salvação
Enquanto cerras os olhos a dor,
Vestes a mortalha da indiferença.

Vi os pequenos corpos flutuando,
Trazidos pelas ondas do velho mar.
Rios de lágrimas na Lua Crescente
Rios de sangue lavam teu Berço.

Vi a ignóbil violência das palavras
Proferidas pelas bocas dos Reis.
Muralhas e projetos de desunião
Vi execuções em nomes de deus.

Vi a morte, tua amante, abraçada
Em teus atos contra teus irmãos.
Vi a tortura e execução sumária
De pais aos olhos de seus filhos.

Vi tu proclamar tua santidade
Vindoura de tua fé no salvador
Enquanto defendia a tortura
E o revide, a vingança, o ódio.

Ouvi as mentiras de teus lábios
Soam justas, sublimes, sagradas.
Porém, rastejas qual pior verme
No egoísmo de teus tristes atos.

Tu homem, do qual sou irmão,
Acusaste-me de heresia na fé.
Prendeste-me nas tuas fogueiras
Cujas chamas lambiam os céus.

Tu homem, abandonaste a vida,
Toda a esperança, ao adentrar
O inferno que criaste no mundo,
Para ser o Senhor, Alfa e Omega.

Tu homem, olha para teu salvador,
Veja a compaixão daqueles atos.
Tirarias a trave do teu coração?
Viverias da união e da tolerância?

Tu homem, alivia a dor que infliges
Aos pés dos montes, das cruzes,
Às crianças e aos pobre e perdidos,
Ao peito de tua mãe aos teus pés.