domingo, 9 de novembro de 2014
Holometábolo
Por entre buracos de minhoca no tempo, sou isso.
Isso que não tem a definição própria e flutua, gás inútil
Indefinição, singularidade, isso complexo.
Eu, meta-morfo, processo e dia por dia, hora.
Holometábolo-me:
Cuspido ao mundo, outrora feto. Choro.
Rastejo minha face marcada até a não-vida
Outrora vida, outra hora, não.
E sugo gotículas indefinidas, exauridas. E sorrisos entre a escuridão ali.
Diria que fui embrião, ovo, ovo chocado,
Agora civilização, império, apocalipse.
Torcendo e perfurando o ar que me escapa no choro
O tempo que não existe, o tempo que não conta não conta não conta
Torce, retorce, perfura o nada que se vive, vivo e percebo, enfim,
Não sou mais o que fui e o que hei, mas agora mar de lama, no brinco.
Como areia e grama, beijo cachorros de rua, pulo corda e bato no amigo.
E anseio por algo inevitável. Eu.
Me enrolo todo em mim para acordar trinta e três anos depois.
Imago.
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