domingo, 30 de novembro de 2014

De madrugada, o céu me devolve a gentileza,
Feita às estrelas, a brisa noturna, silente,
Devolve um olhar de milhares e brilhantes íris,
Tão inertes quanto minhas etéreas indagações.
Gentil universo que me acompanha nessa vida
Mísera e de inquieta palpitação tonal,
Que insiste em querer fugir do meu peito
Para encontrar lindas pedras no infinito.
Fugir da solidão que me acompanha nas ruas,
Nas horas da madrugada insone até a alvorada,
Com pássaros e melodias de calmo desespero,
Até a noite me saudar de novo, de volta.
Esse meu retrato inacabado, esboçado,
Do meu despertar, minha respiração até
O meu certo último suspiro que não tarda,
Permanece vago, indistinto e enclausurado.
Vago triste e de coração pesado, cinza,
Pela garoa da vida que se apossou de mim
Sem mesuras, sem lisonjas, para que possa
Sempre, e gentil como é, me espionar.