quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Uma sombra


E então ela saiu de casa.
Sozinha. Era noite.
Vagou pelo bairro deserto
Próximo.

Sentou-se na colina e observou a escuridão.

Acendeu um cigarro e as luzes
Eram brasas e alguns postes longínquos,
Pois havia chovido pela manhã
E ainda estava nublado.

Uma leve bruma pairava rente ao chão
Em uma sexta.

Soprou entre a fumaça:

"Sabe, querida, a cidade explode
Todas as sextas e sábados."
Contou a uma sombra que ali estava.

Esperou... Insistiu.

"A vida acontece somente em dois dias.
Talvez três."

Depois de um longo tempo, sorriu
E um riso de palhaço foi ouvido.

Uma coruja piou. Seus olhos desvairados,
Lanternas no escuro.
E os grilos pararam.

Uma brisa cantou uma melodia inquietante.

"No restante, só existem...
Como se chama mesmo?
Uma semana dos mortos
E algumas madrugadas dos mortos."

Silêncio.


A sombra sorriu.

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