Mostrando postagens com marcador Sinestésicos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sinestésicos. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A Morte e a Criança

 Me perdi nas palavras da criação
Uma criança cuja cabeça despontou
Do buraco da toupeira curiosa
Logo voltou e caiu, e caiu.

Caiu para onde? Não tem pra onde.
Mas, ainda esperou silenciosamente
Esperou as nuvens roxas da noite
Esperou a carícia da madrugada.

Criança fugida nadou no oceano
E pro oceano foi-se indo, nas águas
Fundindo-se com o céu noturno
Órion encontrou Escorpião.

Das espumas, despontei, hesitei,
Corri para a areia, provei a poeira,
Mas, ainda, sim, provei da cerveja
Embriaguei-me de sal iodado.

Como poderia saber dessa Dança
Da Morte que tomamos parte? Não poderia.
Um beijo de morte para a brisa que me leva.
Um beijo de morte para a noite que me toma.

sábado, 11 de abril de 2015

Uma casinha na montanha


Ao lado de um lago que reflete um céu sem nuvens,
Uma casinha de madeira, um casal de velhinhos...
É outono, minha linda, acenda a lareira... Vamos...
Pego lenha lá no bosque, o cheiro da terra úmida,
Do cogumelo, do pinho, d'água corrente,
A chaleira apita, chiando, as gotas escorrendo,
Suas lágrimas descendo lentamente seu corpo.
Servido a mesa tosca, sem bolachas, sem toalha,
Porém na temperatura de um coração em paz.
Perto da temporada do salmão, no frio dos montes,
No lago que é um abraço de uma mãe carinhosa
E um devaneio de uma vida tão distante.
Um beijo de um minuano enquanto o Sol oblíquo
Vai passando devagarinho pelo horizonte.
Lua cheia que sangrou meu coração refletiu
No espelho dos meus olhos marejados,
Enquanto ruge o vento, uiva e bate nas charnecas,
Bate na cara, bate no cão e no urso, no lobo,
Bate nas lápides, nas cruzes, na capelinha,
Bate nos transeuntes de uma cidade ao norte,
Risca o rosto até enrubescer, na noite sem horas,
Quando a constelação de escorpião sorriu de volta,
Sorriu para mim, para meu pai, para meu avô,
Para minha mãe, meus irmãos, meu espírito.
Caminhei até o lago, era madrugada. Cerração.
Insone, olhei para o espelho desvanecido em névoa,
Quis me dissolver nesse abraço frio e sem memória.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Tragōidia


Soa como uma valsa em termos pianos,
Passos ecoando em um salão parisiense.
Dois para cá, um para a direção oposta
Em sorrisos brilhantes refletindo poesia
Enquanto luzes lentas explodem no céu,
Esse salão cheio de espelhos que reluz
A ouro, reluz a alegria desmedida e reluz
Em contagens regressivas de desejos
Gritados até que não exista mais fôlego
E mais vontade de desejo que não existe.
É um beijo perdido na brisa do mar
Vagando enquanto despimos escuro
Para fogo, para incenso, para branco,
E despimos branco para nós mesmos.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Êxtase Escarlate

- Group Four, Massive Attack



















Nuvens tintas do sabor ácido de um beijo
Em um movimento único, rasgo-as com meu corpo
E flutuo nesse êxtase de uma raiva sensual
Enquanto sinto-as lentas, se esvanecendo...
Suas formas são minhas, seu sabor é o meu,
E sua melodia celeste é hipnótica e rodopia,
Suas notas me envolvem tal um tornado
Preto e púrpura de canções selvagens
E o fôlego é perdido quando me tomam
Enquanto vago pelo meu céu escarlate.


Imagem retirada de http://www.deviantart.com/art/Under-a-blood-red-sky-55264452 em 26/12/2013.
Título da imagem: "Under a blood red sky". Autora: hummingirl

domingo, 1 de dezembro de 2013

Sobre a verdade que começa amanhã


Em um preguiçoso domingo a tarde
Resolvi me perder dentro de mim,
E o jardim que cultivo aqui dentro
Foi tomado por demônios e serafins.

Lá eu esperava por alguém, ansioso,
Enquanto a escuridão tudo tomava
Nessa minha noite, nessa minha casa.

E eis que você foi criada.

Sua alma era púrpura escurecida
De melodias suaves dos meus sonhos
De tudo e todos que deixei um dia

Dizia

"Vamos beber do coração da noite
 Pois o destino é um homem que me toma
 Eu, irmã alada da lua solitária".

Cantava

"Vamos beber pelo coração da noite
 Enquanto você se perde todo em mim
 Eu, irmã alada do destino solitário".

- Se sua canção não tocasse minha alma, o que mais faria ? -

Semelhante a melhor das formas já vistas
Você era como um pássaro andando sobre brasas
Em um infinito de cores voláteis e pulsantes
Subindo e descendo e caindo e girando
E o seu sabor era o da cereja ácida
Da torta de maçã mais doce

E da sensação de nadar nu em um oceano

O tempo derreteu sobre meus ombros quando me beijou
E, de repente, um êxtase divino trespassou meu ser
E a leve pena de minha vergonha feita em casa
Voou para longe...

E sobre a verdade que começa amanhã:
Bom, fui somente uma ilusão?

On truth that begins tomorrow


In a lazy Sunday afternoon
I got lost within myself
My inner garden in bloom
Was like heaven and hell

There I wait for someone
While down in the darkness
In my night, at home

And so you arose

Your soul was red and black,
Soft melodies of my dreams
Of everything one day I left

Said

"Let's drink of the heart of the night
 As fate is but a man who embraces me
 I, sister of the lone moon"

Sang

"Let's drink for the heart of the night
 As you free fall in love with me
 I, sister of the lone doom"

- If your song wouldn't whisper in my heart, what would do it? -

Close the best of well-seeming forms
You were like a bird walking in ashes
And a multitude of ever-changing colors
Rising and falling and twisting
Tasting acid cherry
A sweet apple pie

And the sensation of swimming naked in the sea

Time melted down over my shoulders as you kissed me
Suddenly rapture slashed my entire being
And the feather of ground in my homemade shame
Flew away...

On truth that begins tomorrow:
Well, was I just a fantasy?

domingo, 3 de maio de 2009

O outono, o chá e as músicas tristes - sensações

(...use de preferência à noite...)

"...I am on my own..."




















"...I am all alone..."




















"...Everything is gone..."















"...Stuck forever here..."














"...Already cold..."

(...)


Relicário de Apoio

- Iter Impius, Pain Of Salvation