Nas primeiras horas da noite
Dizem que os espíritos vagam
Perseguindo suas lembranças
Insistentes nesse despertar.
Suas lamentações são sopradas
No vento forte que fustiga
O rosto nas jornadas frias
De madrugadas ancestrais.
Seus olhos vagos miram
Algum ponto imperceptível
E murmuram devaneios
Travestidos em arrepios.
Sua pele empalidecida,
Lábios roxos entreabertos
E pernas incansáveis
Rodopiam danças fúnebres.
Vestem ainda sorrisos
Tristemente reproduzidos
Em retratos de espelhos
Nas janelas, em vitrais.
E nas primeiras horas,
Na manhã, na aurora,
Retornam para suas covas
Vazias no repousar.
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