quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

V


Sinto que as palavras perdem seu significado facilmente. Mais ainda, que o próprio significado deixa de existir. Ora, por entre notas de violinos que soam ao mesmo tempo eróticas e fúnebres, logo, disso tudo, o que existe realmente é o nada. A sequência da sensação de existência, de memórias que são tão fugidias, de um passado que é facilmente esquecido, implicaria a existência propriamente dita. E do que sou, sei que não sou mais e dissolvo tudo isso em uma pintura de uma Dança Macabra de seres que fui, que a tomo e a chamo pelo nome que me foi dado, esse também, sem significado. Desse emaranhado de significação, o que resta verdadeiro é a Morte. Essa que ocorre a cada segundo dentro de mim, do que supostamente sou. E o Renascimento, de algo que aparenta ser novo, eu. Eu que não existo e que encontrarei a não existência. 

Alas! Maldito ser que foi dotado de tanta ilusão e símbolos, porém só destrói a si mesmo. Abraça falsos mandamentos, abraça a Culpa, a Vergonha, mas esquece do que realmente importa, a Finitude. Segue cego por falsos caminhos de felicidade, enquanto a verdadeira essência está no Amor, amor pela Finitude. E cascatas de enxofre queimam suas pernas enquanto toma uma grande e pesada escultura de madeira cruzada em suas costas e esquece o que realmente foi dito e o que realmente é. Foge da Morte, associada com o Mal, e não percebe que morre e renasce todos os dias. E assim será até a Morte derradeira.

A Morte.

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